COMO A EDUCAÇÃO PODE MELHORAR A PRODUTIVIDADE
A frase é muito antiga “A Educação é o retrato da nação”. Sempre no sentido de que um país com boa educação forma bons cidadãos. Melhor qualidade de vida, mais saúde, menos violência, respeito ao meio ambiente, às pessoas, aos mais velhos, as crianças, respeito aos costumes e tradições. Tudo isso vem com mais educação. Esse discurso é antigo.
Ocorre que os pesquisadores, estão conseguindo demonstrar que uma boa educação, melhora inclusive a produtividade das empresas. Funcionários com mais anos de estudos, tendem a produzir mais que os menos estudados, até em funções básicas. A Revista Exame de 30 de outubro de 2015, traz matéria, onde afirma que um ano a mais na escola é igual a 10% de aumento de produtividade.
Comparação com o resto do mundo
Como se sabe, o operário brasileiro produz muito menos que o de muitas partes do mundo. Um americano equivale a cinco trabalhadores brasileiros, em termos de produtividade e isso está diretamente relacionado à escolaridade. Ainda segundo a revista exame, um brasileiro de 15 anos, tem conhecimento de matemática e ciências, igual a um chinês de 10 anos, a um coreano de 11 anos e um canadense de 12 anos. Não é a toa que esses países têm produtividade do trabalhador maior que a do Brasil. O PIB por pessoa empregada, com base de 2012, nos Estados Unidos é de US$ 108 mil por ano, na Austrália de US$ de 94 mil, Chile US$ 35 mil e Brasil US$ 20 mil.
O ranking de PISA que é um indicador do aprendizado no mundo todo, o Brasil ocupa a 57ª posição, com gasto de US$ 2.700, por aluno, por ano. Já a Coreia de Sul, gasta US$ 7.400, por aluno por ano e ocupa o 4° lugar no mesmo ranking. Não é novidade pra ninguém, que a produtividade da Coreia do Sul, é muito maior que a do Brasil.
Mais estudo, mais produtividade, mais ganho.
Em janeiro de 2006, o jornal Folha de São Paulo, trouxe matéria, onde mostra uma pesquisa comprovando que a renda de um profissional com mestrado, é 96% maior que outro apenas com graduação. A revista exame daquele mesmo mês, afirma que a cada etapa de ensino galgada, o profissional acrescenta em média mil reais a seu salário.
O Brasil tem alguns bons exemplos de como a qualidade de ensino melhorou a vida das pessoas e das empresas. Em Sobral, os últimos 13 anos, vêm se consolidando como exemplo bem sucedido de reforma educacional. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb, que é um indicador de qualidade de ensino, do Ministério da Educação, em Sobral é maior que as capitais do país, incluindo São Paulo.
Os efeitos dessa mudança já são sentidos no setor privado. A fabricante de calçado Grendene, que chegou a cidade em 1992, onde para se contratar, bastava não ser totalmente analfabeto, mesmo assim era difícil contratar pessoal e necessitava que trazer de fora da cidade. Nos últimos três anos a Grendene tem intensificado a troca de funcionários antigos, por jovens formados em Sobral mesmo. A empresa sentiu fortemente o efeito desta troca. Atualmente produz 20 milhões de pares de calçados a mais por ano, com 9 mil funcionários a menos. “Diria que 70% de nosso ganho de produtividade se deve a uma seleção mais apurada de mão de obra” afirma Francisco Schmmitt, diretor da empresa. A Contax empresa de centrais de atendimento se instalou em Pernambuco, levando em conta o nível educacional.
A 8500 quilômetros de distancia de Pernambuco, na Polônia, uma reforma de ensino ainda mais impressionante ocorreu na década passada. Conclusão o país do leste europeu foi o único a não sofrer com a recessão de 2009, que assolou o mundo. Isto tem a ver com as fábricas que lá se instalaram em busca de maior produtividade, como a Fiat por exemplo. “Há uma dificuldade maior para implementar medidas de aumento de eficiência, quando não se tem uma mão de obra qualificada” afirma Cleodomiro Belini presidente da Fiat do Brasil.
“A qualidade do capital humano é um dos maiores entraves à competitividade das empresas brasileiras. E aqui falo da educação básica mesmo” palavras de Betânia Tanure, uma das maiores especialistas brasileiras em gestão de empresas. Vemos que quem está defendendo a educação de qualidade, não são mais apaixonados por educação e sim empresários e mestres em gestão empresarial.
Valorizar o professor
Quando se consegue mostrar em números o efeito de um fato, todo mundo presta mais atenção. Não se trata apenas de valorizar a MELHOR PROFISSÃO DO MUNDO, apenas por gratidão, ou recompensa pela dedicação a nossa vida. Trata-se de MELHORAR A RENTABILIDADE das empresas, conforme demos pequenos exemplos. Em qualquer melhora ou reforma de ensino, passamos inevitavelmente pela valorização do agente dessas mudanças e desse ganho, o PROFESSOR. “Essa medida é citada frequentemente como fator essencial para melhoria de nossos estudantes na década seguinte” diz Maciej Jakubowshi secretário da educação da Polônia. Também no Brasil, mais especificamente em São Paulo, o estado que mais cresceu no índice do Ideb, existem oito faixas salariais, que vão agregando até 10% do salário a cada três anos, de acordo com a meritocracia. Na
Austrália, existem várias níveis, e ganham de acordo com sua formação e continuação nos estudos. No Canadá os professores passam por um exame de medida de qualidade e oferece cerca de 400 cursos de especialização.
Muito precisa ser feito pelos órgãos governamentais e os bons exemplos provam que o dinheiro não é apenas o único entrave, que a criatividade pode driblar a falta de recursos e que nem todos os políticos são ruins. O que mais importa é o jovem ler este artigo e perceber, que o sucesso profissional está a seu alcance basta ter vontade. Existem centenas de cursos grátis pela internet e mesmo estudos a distancia, alem claro ESTUDAR SOZINHO é sempre melhor que não estudar.
JOSE CARLOS RUIZ
É professor universitário e consultor de empresas
Ruiz.consultoria@terra.com.br
ruizconsult.com.br